14 abril 2006

E ponto final.






Esse texto acabou surgindo por causa de uma discussão na comunidade do Chico Buarque, no orkut. Parece que ele, recentemente, fez uma versão RAP de uma música . Tá aí. Eu sempre achei o RAP um gênero musical sensacional. Acho sua história atraente, e o fato de seus temas abordarem desigualdades sociais, racismo, já o torna louvável.

Pra quem não sabe, a palavra RAP vem do inglês, Rhythm And Poetry. Uma definição para música, é que ela é uma sequência de sons composta de três dimensões básicas - ritmo, harmonia e melodia. Então esse estilo não é música?

A resposta não veio tão simples assim. Encontrei teorias e mais teorias pra explicar esse ‘paradoxo’, mas nenhuma solucionou a minha dúvida. É ou não é música?

Encontrei uma de que a música só existe na presença do silêncio (!). Outra, de que o RAP pode ser considerado um gênero literário, já que o ritmo é que dá cadência à poesia. (Sei, sei...)

Com base nisso, resolvi que a definição de música - a das dimensões - é restritiva demais, e que a solução seria mudar de definição. Mas é possível, então, achar uma definição perfeita? Fui ficar satisfeita após ter achado um texto sobre um quadro. Essa tela se chama ‘A traição das imagens’. O cara pintou um cachimbo e escreveu embaixo da tela “ceci n’est pas une pipe” (isso não é um cachimbo). No fundo, não é mesmo um cachimbo. É uma pintura de um cachimbo. Se houvesse um replicador molecular que copiasse molécula por molécula do cachimbo, e o autor escrevesse a mesma frase embaixo, a mesma conclusão poderia ser tirada (afinal, é apenas uma cópia do cachimbo).

Pra se ter uma idéia de como essa questão não é tão simples como parece, existe toda uma ciência atrás disso, a chamada ‘ciência meta-objética’, que não somente estuda os objetos, mas tb suas definições. E mais, isso vem sendo pesquisado pelos matemáticos nos últimos 150 anos. Pode?

Onde eu estava? Ah, comecei por causa daquele estilo musical. O que acabei concluindo, é que buscar definições absolutamente perfeitas pras coisas é total perda de tempo (pô, os caras estudam isso há 150 anos e ainda não chegaram muito longe!!), ou seja, RAP é música. E não é.

8 Comments:

de
Blogger Vanessinha said...

nossa tudo a ver com semiótica esse papo Li!!!
o que olhamos ( fisiologicamente) não é o que vemos ( de forma semântica ). e com cada pessoa é diferente.
concordo que não existam definições perfeitas para as coisas.
E esse papo do chico cantando RAP!! vem cá , tem tudo a ver com ele né!

15/4/06 3:54 PM  
de
Anonymous Anônimo said...

Acho que existe divergencias em relacao as teorias evolutivas de base genetica e de mera adaptacao ambiental. RNA e DNA Recombinante nao fazem parte do estrutura fisiologica e psiquica dos movimentos populares mais recentes, tanto na semantica quanto na forma...ou nao.

15/4/06 7:55 PM  
de
Blogger Liginha said...

Ficou tão confuso assim, rs?

15/4/06 10:46 PM  
de
Blogger Unknown said...

A história é a seguinte, se o Chico resolver fazer uma versão Vanerão, funk, axé ou sei lá o quê, de qualquer coisa, vai ficar bom. Porque ele pode né?

19/4/06 9:04 AM  
de
Blogger Liginha said...

Pior é que vc tá certa. E eu nem teria vergonha de falar que gostei, rs!

20/4/06 12:01 AM  
de
Blogger A. Lisboa said...

Este comentário foi removido por um administrador do blog.

27/4/06 10:43 AM  
de
Blogger A. Lisboa said...

Vai mexer com a metamatemática mesmo? Certeza? Com as definições? Olha... pode acabar em crime passional. E muito cuidado com a Magritte tb. ; )

27/4/06 10:45 AM  
de
Blogger Liginha said...

Magritte? :o

27/4/06 3:13 PM  

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