11 junho 2006
02 junho 2006
O Trovador do Samba

"Quem gosta de homenagem póstuma é estátua. Eu quero continuar vivo e brigando pela nossa música.” (Cartola, Revista Manchete, 03.12.1977).
Voltando da faculdade, liguei na rádio USP e alguns segundos depois começou a tocar Ney Matogrosso. Nunca citei o Ney aqui, mas acho a voz dele umas das mais belas possíveis. Tudo: o timbre, a intensidade, a graça... Isso sem falar na sua interpretação!
Mas a conversa de hoje não é sobre ele. A música que começou a tocar na rádio era do Cartola. Esse sim, foi minha inspiração pra esse pequeno texto de hoje. Canções mais famosas, como “As rosas não falam”, “Ensaboa”, “O mundo é um moinho”, me despertaram interesse em conhecer um pouco mais sua obra. Mas hoje (e é sem exagero), fiquei impressionada com a música “Acontece”. Nunca tinha ouvido antes, e estou emocionada até agora.
Pesquisando no Google (claro, rs!), li que Cartola começou a trabalhar muito cedo. Foi tipógrafo e pedreiro. Aliás, o nome dele era Angenor de Oliveira e seu apelido surgiu na época em que trabalhava em obras – por causa do chapéu-coco que usava durante o serviço pra evitar que seu cabelo ficasse sujo de cimento. Ele compôs em torno de 500 músicas e o que talvez nem todos saibam é que, junto com mais seis amigos, criou a primeira escola de samba do subúrbio carioca – a Estação Primeira de Mangueira.
Após um bom tempo pesquisando bastante sobre sua vida, separei uma frase de Nelson Sargento, que se encaixa perfeitamente à trajetória do sambista: “Cartola não existiu. Foi um sonho que a gente teve...”
Acontece
Esquece o nosso amor, vê se esquece.
Porque tudo no mundo acontece
E acontece que eu já não sei mais amar.
Vai chorar, vai sofrer, e você não merece,
Mas isso acontece.
Acontece que o meu coração ficou frio
E o nosso ninho de amor está vazio.
Se eu ainda pudesse fingir que te amo,
Ah, se eu pudesse
Mas não quero, não devo fazê-lo,
Isso não acontece.