26 julho 2007

Percepção

Outro dia estava lendo um texto sobre o amor. O texto era a carta escrita por S. Paulo aos Coríntios, está no Novo Testamento e é bem conhecida por muitos de nós.

Apesar do belíssimo texto, a música ainda é o caminho ‘mais curto’ a me tocar (desculpem o trocadilho infame, rs). Ela é o próprio amor em alta velocidade. Nelson Cavaquinho soube bem descrever os efeitos do amor: “contigo aprendi a sorrir, escondeste o pranto de quem sofreu tanto, organizaste uma festa em mim...” ou então a precisão de Chico Buarque: “Gosto de você chegar assim arrancando páginas dentro de mim... Sabia que você ia trazer seus instrumentos e invadir minha cabeça...” entre muitos outros.

Seja na poesia, prosa ou música, é sempre possível uma interpretação única de nossa história, dando a sensação, muitas vezes, do autor ser mais ‘vidente’ do que sensível, adivinhando nossas emoções e conseguindo descrevê-las de forma genial.

Sinto Fernando Pessoa, admiro Camões e choro com Manuel Bandeira. Ainda que parte de mim seja traduzida em meus textos, entre amores e dissabores, sem a música é que eu nada seria...


(I Coríntios, Capítulo 13, Versículos, 1 a 13)

"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse Amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse Amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse Amor, nada disso me aproveitaria. O Amor é paciente, é benigno; o Amor não é invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O Amor nunca falha. Havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos; mas quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser mem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o Amor."

04 julho 2007

Real


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Vejo cenas repetidas da minha própria história
Déjà vu em vida real
Demonstro a fraqueza ainda não revelada
Paz estreita... frágil de superfície, incômoda de passageira

Como um fim-de-filme antecipado, ausentei-te de mim por vontade...
Entre comemorações e tristezas,
Afastaram-se os futuros brindes
A raiva não sentida
As risadas não vividas
A história não contada
O amor desperdiçado

Nessa mistura de sabores cerceados
partirei com meus segredos
Entrego-te meras palavras,
disfarçando essa espera trôpega...
Que insiste em fazer parte de mim.