28 fevereiro 2006

É, deve ser isso mesmo...





Ontem foi meio bizarro aqui no banco. Na hora básica do café, surgiu de repente uma discussão sobre o Pica-pau. Tudo pq eu fui fazer uma piada sobre aquele famoso episódio que se passa nas Cataratas do Niágara, onde todos os turistas estão com a capa de chuva amarela e o Pica-pau quer pq quer descer as cachoeiras dentro do barril. Ficou todo mundo me olhando com cara de ‘Ahn? Vc tem certeza que isso é engraçado?’ Pô, ninguém conhecia! Aliás, ninguém via Pica-pau na infância aqui!

Eu me senti desolada! Considerando que a arte de imitar vozes passa longe da minha lista de habilidades, a cena que se seguiu foi, eu assumo, patética. Comecei falando dos seus cabelos vermelhos, depois que era um pássaro e pronunciei beeem devagar seu nome: wo-o-od-d-d-pe-e-ck-er-r. (Qual o sentido do ’devagar’? Bem…) Não teve jeito, 30 segundos depois percebi que já estava chacoalhando minha cabeça ao som do ‘rerre-rerre-rê, rerre-rerre-rê, rerrerrerrêeee’…

Um pequeno parênteses agora: óbvio que eu não toquei no assunto ‘Chaves’. E tb não entendo como alguém pôde crescer sem ter acompanhado Chaves todos os dias. Certamente é uma pessoa com coração de pedra. (No próximo texto haverá mais censura, prometo). Eles tb nunca ouviram falar de Jaspion, Spectreman, Liga da Justiça e por aí vai…

Voltando à cena…
Mas mudar de assunto mesmo, só quando ouvi a frase, após a minha performance de Pica-pau: ‘Ahhh, é aquele que vive fugindo do outro e que faz BEEP BEEP!!!’

20 fevereiro 2006

À flor da pele





Eu sempre fui fã da música brasileira, nunca fui de ouvir Stones, Nirvana, Guns, Doors, e qualquer outra banda internacional, nem na adolescência. (Espero ter ficado claro que tb nunca tive camiseta preta com uma caveira no meio – sim, pq nao basta ouvir esse tipo de som, o ‘kit’ que se paga é toda uma postura de vida). Antes eu ficava até constrangida em falar que odiava isso. Porra, eu tenho preconceito, sim! São poucos os que gosto de ouvir, mas a frequência com que faço é tão baixa, que acabo de me reservar o direito de não mencioná-los.

Falando da nossa sensacional música, acabo de perceber uma coisa: fora do Brasil eu ouvi - e consequentemente conheci – com uma frequência ainda maior MPB! Aliás, não só música. Leio mais quando estou aqui. Em 3 meses li 5 livros (me desculpem os intelectuais, eu acho muito!), pesquisei mais sobre a vida dos autores, compositores, músicos, escritores, poetas e celebridades que admiro.

Será que a saudade é em parte responsável por essa mudança de comportamento, ou melhor, pelo aumento de situaçoes que me permitam o contato com meu país? Não sei. O que sei é que tb quando volto pra ele, já na Marginal um ‘engolir seco’ acontece e vejo meu lado Policarpo Quaresma (um dos maiores ufanistas da história da literatura
) ir se afastando, afastando...

16 fevereiro 2006

Um bom conselho





Hoje estava lendo uma discussão na comunidade do Chico no orkut. A pessoa pedia que déssemos sugestoes de música, em caso de ‘chute na bunda’.
Apareceram músicas ‘de fossa’ pra todos os gostos!

Nao é à toa que a frase ‘curtir a fossa’ já virou chavão.

Eu quis ser diferente, e aproveitando minha fase canta-canta-minha-gente-deixe-a-tristeza-pra-lá, sugeri uma que fala da música em si, na importância de cantar e ‘seguir em frente’. (Esse chavão nao poderia ficar de fora numa situação como essa).

Outro dia, um dia desses em que 'não estou pra ninguém’, permaneci umas 3 horas no sofá, laptop no colo, status offline em todos os meios de comunicação internéticos possíveis, escutando música – as de fossa, claro - no fone de ouvido. Foi um show de ‘lalalá’ pra cá, ‘lalalá’ pra lá sem fim! Acho que devo ter exagerado, pois foram necessários uns 3 dias pra que eu parasse de falar ‘lalalá’ com ar de ‘pois é’ em momentos onde o silêncio pairava no ar.

É, na sua fossa, ‘levanta, sacode a poeira e dá volta por cima’, ô! Agora me deixa aqui no meu cantinho, que ‘bateu uma tristeeeza’ (lalalá...).

15 fevereiro 2006

Todo sentido






Antes do samba ser samba ela já era assim!

Alivia uma dor, reproduz a angústia. Possui o sabor dos meus valores mais íntimos, é matéria-prima da arte. Tentar desmascará-la, entendê-la e traduzi-la a torna ainda mais misteriosa. Fazer minha melodia sair das minhas próprias mãos...

Nada mais entediante que uma alma silenciosa... Música, minha verdadeira inspiração.

06 fevereiro 2006

Retrato do dia




“Pouco me importa.
Pouco me importa o que? Não sei.

Pouco me importa.” (Alberto Caeiro)






Semana passada dediquei algumas boas horas na internet lendo poesias do Fernando Pessoa. Com sua sensibilidade, ele me emociona mais do que qualquer outro poeta. Ok, nao falemos hj de Manuel Bandeira, deixemos sua genialidade prum próximo texto.

Álvaro de Campos, um de seus heterônimos (e o meu preferido), é o autor de obras geniais, como ‘Poema de canção sobre a esperança’ ou ‘Poema em linha reta’ e ele mostra com certa freqüência seu jeito debochado, questionador de convicçoes. (“Não me venham com conclusões!. A única conclusão é morrer.”)

Claro que eu poderia me utilizar de mais algumas centenas de parágrafos falando sobre Fernando Pessoa, sua biografia, obras, heterônimos, etc. No entanto essa nao é minha intencao. A mensagem que senti vontade que ficasse aqui registrada, é nada mais do que um poema. Poema esse que considero ingênuo, mas nao menos digno de reconhecimento, sendo o perfeito retrato do que tô sentindo hoje:

“O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.

Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.

Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.”
(Alberto Caeiro)